Sisson, 200 Anos

Exposição em celebração do bicentenário do artista Sébastien Sisson na Biblioteca Nacional

Local:

Período:

Fundação Biblioteca Nacional
Avenida Rio Branco, 219
Rio de Janeiro / RJ - Brasil

De 25/10/2024 a 25/01/2025
segunda à sexta, das 10h às 17h
Entrada gratuita

Em celebração ao bicentenário de nascimento do artista francês radicado no Brasil, Sébastien Auguste Sisson, a Fundação Biblioteca Nacional (FBN), em parceria com este Instituto, realizou a exposição “Sisson, 200 Anos”, apresentando um conjunto ricamente selecionado de obras do artista preservadas pela Fundação.

A mostra reuniu mais de 170 itens históricos, entre eles a maior coleção de retratos originais publicados no Brasil — como os de D. Pedro II e José de Alencar —, além de belíssimas gravuras de paisagens e monumentos da segunda metade do século XIX, bem como charges e caricaturas que ilustraram periódicos da época, incluindo a primeira história em quadrinhos brasileira.

Curadoria: Bárbara Ferreira

Seleção de Obras

Dois Séculos de Amizade


Sébastien Auguste Sisson criou um desenho para o Brasil Império, com grande interesse e repercussão. Parte integral de nosso imaginário. O Álbum do Rio de Janeiro moderno representa o encontro feliz entre arte e documento e projeção.

Vejam a baía da Guanabara, cujos navios guardam algo de William Turner, isento de fumaça e cromatismo, atravessado de profunda solidão. Sintam o antigo cemitério dos ingleses, tão íntimo das ondas, a desvelar a fome inexcedível dos aterros. Ouçam a igreja do Santíssimo Sacramento, cujas figuras sem rosto, e para sempre inabordável, evocam a técnica de um Kaspar David Friedrich. Pensem nas palmeiras do Jardim Botânico, como se eterna fosse a perspectiva: de ontem e de hoje. Olhem a ilha quase impalpável da Boa Viagem, mais bela e quase indevassável.

Imagens que não sabem descansar, voltadas para o sonho, a partir de uma rede, ou retina, sutil e delicada. Eis como surgem nas páginas machadianas de O velho senado, um dos capítulos fundamentais do memorialismo brasileiro:

“A propósito de algumas litografias de Sisson, tive há dias uma visão do Senado de 1860. Visões valem o mesmo que a retina em que se operam. Um político, tornando a ver aquele corpo, acharia nele a mesma alma dos seus correligionários extintos, e um historiador colheria elementos para a História. Um simples curioso não descobre mais que o pitoresco do tempo e a expressão das linhas com aquele tom geral que dão as cousas mortas e enterradas.”

Machado de Assis refere-se ao poder visual das litografias de Sisson, entre memória e ressurreição, dos mortos convocados para a vida, de que foi íntimo Brás Cubas. Machado voltava-se aos 90 retratos litografados que vivem na Galeria dos brasileiros ilustres. E o fato de ter inspirado o autor de Quincas Borba, merece nosso reconhecido aplauso.

Sisson é uma das lentes valiosas do Brasil imperial, através de cujo desenho e litografia deu rosto ao que hoje, talvez, não passasse de uma frase, de um nome ou parágrafo. Promoveu a conjunção entre a imagem e a palavra, essencialíssima para o recorte biográfico. E usando o mesmo fundo claro-escuro, emprestou às figuras imóveis – congeladas em vida, as que morrido não haviam, tão inquilinas do panteão nacional –, emprestou-lhes. uma dinâmica secreta: a solitária dimensão do herói. Absolutamente solitária sem distinguir vivos e mortos, cujo destino corresponde à vida eterna da memória nacional. Assim diz o autor da Galeria:

Foi e é nossa ideia bosquejar somente, sob o ponto de vista histórico, a vida e o caráter dos homens que se têm ilustrado no belo Império americano; desenhar as principais figuras, que têm deixado vestígios de sua passagem neste país e em sua cena política desde a Independência até os nossos dias; em uma palavra, apresentar os quadros e a história do Brasil neste período, expondo, a par dos retratos, os feitos dos seus varões que mais se têm distinguido.

Uma filosofia da história atrelada ao singular, ao herói modelar, conjugado no irrepetível, na biografia absoluta, fixada para sempre: da impressão dramática de Monte Alverne ao insólito vigor de Pereira da Silva; do hesitante Marquês de Maricá à cabeça impassível de Pedro II; de Evaristo da Veiga, condenado à juventude, ao tão severo olhar de Gomes de Campos; do vaidoso Marquês de Barbacena à pose tão moderna de Jequitinhonha.

A criação de Sisson não se limita apenas ao recorte alto. Move-se da vagarosa exposição de insígnias de poder à forma ágil e contundente da caricatura. Vejam as páginas do Brasil Ilustrado ou da Iride Italiana, ao longo das quais não poupa maestros, políticos, cantores, e desce muito aquém da Galeria, na crítica mordaz à capital do Império.

Assim, portanto, o mesmo autor nos oferece uma dialética relativa de canto e contracanto, de afirmação e negação, embora em diferentes narrativas.

Sisson foi também um amigo da Biblioteca Nacional. Fez doações ao acervo da Instituição, ajudou a conservar certas imagens com máximo desvelo e gratuidade. Os anais da BN registram o restauro da “preciosa coleção araujense, cujos volumes estão em máxima parte encadernados de modo condigno, e de quase todas as estampas expostas, principalmente das batalhas de Alexandre, cujo desenho foi restaurado pelo sr. Sebastião Augusto Sisson, distinto litógrafo francês, mui conhecido entre nós pelos seus trabalhos, o qual com a maior benevolência se constituiu colaborador gratuito da Biblioteca Nacional.”

Tudo isso aparece na curadoria sensível e de Barbara Ferreira, artista de renome, genealogista e pesquisadora, a quem reconhecemos a dedicação e o cuidado dessa marcante exposição.

Marco Lucchesi
Presidente da Fundação Biblioteca Nacional

SISSON, 200 ANOS

1824 – 2024

“Um tesouro precioso reservado para a posteridade”, assim escreveu Sisson qualificando o conteúdo de sua mais importante obra: a Galeria dos Brasileiros Ilustres.

Como os notáveis brasileiros que retratou, tornou-se também Sisson um ilustre cidadão para o Brasil, pelo legado histórico e iconográfico e pela contribuição cultural oferecida à Biblioteca Nacional, essa importante instituição brasileira que nos presenteia com a apresentação da grande exposição comemorativa do bicentenário do nascimento de Sébastien Auguste Sisson, artista francês que chegou ao Brasil em 1852, aos 28 anos de idade, e aqui faleceu em 1898.

Duzentos anos após o seu nascimento, estamos aqui, celebrando o seu legado, admirando o seu “precioso tesouro”, sua obra, sua vida, tornando real o que ele desejou no passado: glorificar esse grande país.

Podemos aqui aprender e nos inspirar por meio de sua belíssima obra. O trabalho de uma vida, resultado do fazer cotidiano, este que cada um de nós executamos a todo momento, um caminho precioso de serviço ao outro. A dedicação e o esmero com que Sisson exerceu o seu trabalho nos beneficia hoje, pois eternizou de forma belíssima a memória do nosso povo e do nosso país, e, desta forma, contribuiu à consciência que podemos ter sobre o nosso próprio passado e à certeza do nosso próprio valor.

Essa é a beleza de uma existência vivida com consciência e propósito. É uma inspiração aos que nesta geração têm a oportunidade de viver suas vidas com significado, continuando, com o pequeno trabalho cotidiano de cada um, a grandiosa obra chamada Brasil.

Bárbara Ferreira
Curadora da Exposição e Diretora Geral do Instituto Sébastien Sisson

Sébastien Auguste SISSON, que por vezes assinava S. A. Sisson ou simplesmente A. Sisson, demonstra em suas palavras, especialmente no texto de agradecimento ao Senhor, no segundo volume de sua grandiosa Galeria, ter sido um fiel cidadão a serviço do Brasil.

Tanto por esse texto quanto por toda a sua obra, podemos inferir muitas de suas virtudes, entre as quais se destaca a perseverança diante de tarefas difíceis e árduas. Sisson dedicou-se a projetos audaciosos que executou com maestria, utilizando principalmente a litografia como técnica.

Era, sobretudo, um especialista na arte do retrato, mas também se dedicou a ilustrar paisagens e monumentos, especialmente do Rio de Janeiro. Transportou seus talentos para a arte do “caricare”, tendo um papel importante na história do humor gráfico no Brasil.

Nascido na Alsácia francesa, em Issenheim, a 2 de maio de 1824, expôs suas pinturas nos prestigiados Salões de Paris antes de migrar para o Rio de Janeiro, onde consolidou sua carreira como litógrafo e viveu durante a segunda metade do século XIX.

Apresentação geral da exposição com participação da curadora Bárbara Ferreira e membros da família Sisson.

Inauguração da exposição no dia 25 de outubro de 2025 no saguão da Biblioteca Nacional, com os discursos de Bárbara Ferreira, curadora da exposição, em conjunto com o seu marido, Christian Sisson, idealizadores do Instituto Sébastien Sisson, do diretor da Biblioteca Nacional, Marco Lucchesi, e discurso e recital do pianista Alvaro Siviero.

O historiador Virginio Mantesso fala sobre a litografia em vídeo educativo exibido na exposição “Sisson, 200 anos”. No início das impressões litográficas, época em que Sisson trabalhou, o processo utilizado era exclusivamente litográfico. Logo após o início do século XX, a impressão pelo processo de litografia offset tornou-se popular, permitindo grandes tiragens.

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Sisson 200 Anos

Abertura da Exposição dia 25 de outubro, na Biblioteca Nacional

Catálogo da exposição Sisson 200 anos

Catálogo bilíngue com imagens e textos da exposição e com fotografias da abertura da mostra sendo editado pelo Instituto Sébastien Sisson, a ser lançado em 2025. Mais informações em breve.

FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL
Presidente: Marco Lucchesi
Diretora Executiva: Suely Dias

Centro de Coleções e Serviços aos Leitores: Maria José da Silva Fernandes
Coordenação Geral de Planejamento e Administração: Tânia Pacheco
Centro de Cooperação e Difusão: Verônica Lessa
Centro de Processamento e Preservação: Gabriela Ayres
Coordenação Geral de Pesquisa e Editoração: Naira Christofoletti Silveira

ACERVOS

Coordenação de Acervo Especial: Mônica Carneiro Alves
Sessão de Iconografia: Diana Ramos
Sessão de Obras Raras: Valéria Werneck
Sessão de Cartografia: Maria Dulce de Faria

PRESERVAÇÃO DO ACERVO

Coordenação de preservação: Sirle Rebeca Simas Rodrigues
Sessão de Conservação: Gilvânia Faria de Lima
Laboratório de Digitalização: Danielle Peçanha da Silva
BN Digital: Otávio Oliveira
Divisão de Manutenção Administrativa: João César Baptista da Silva
Sessão de Restauração: Jandira Flaeschen


EXPOSIÇÃO
Curadoria e direção geral: Instituto Sébastien Sisson | Bárbara Ferreira
Assistente de curadoria e pesquisa: Maria Moretto

Projeto Expográfico: Estúdio Gru | Jeanine Menezes e Lia Untem assistente
Identidade Visual: Older & Bolder | Laura Pedott e Natália Dalbem
Coordenação de produção: Stella Paiva
Produção Executiva: Julia Baker
Assistência de produção: Juliana Feitosa e Nathalia Simonetti
Produção do evento: Iuna Patacho
Produção de Conteúdo: Primeira Opção Produtora
Edição e Captação de vídeo: Wagner Depintor
Programação: Daniel Morena
Montagem multimídia e iluminação: MMV e Primeira Opção
Cenotécnica: Gabarito Cenografia
Tratamento de Imagens: Humberto Cesar
Impressão Fine Art: Casa 2 Imagem
Moldura: Metara
Plotagem: Ginga Design
Revisão e versão em inglês: Numa Editora
Assessoria de Imprensa: DFreire
Impressão Gráfica: WSM Gráfica
Gerência de Produção: Rodrigo Ramalho Giolito
Equipe de Produção: Isabel Neves, Raquel Brandão, Paulo Jorge Silva, Alberto Teixeira, Renato Moulin, Otávio Fontes e Flávia Werneck Machado


AGRADECIMENTOS
Andrea Brazil, Adriano Gasparini, Ailton Silva, Andressa de Oliveira, Carlos Roberto Maciel Levy, Christian Sisson, Departamento de Manutenção Administrativa da FBN, Diana Ramos, Eli Bomtempo, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, FBN Administrative Maintenance Department, Filipe Sisson, Flavia Fabbriziani, Franklin Leal, Germana Monte-Mór,  Ivana Almeida (Alma Vera Escritório de Arte), José Carlos dos Santos, Luciana Sellus, Lucio Muruci, Monica Carneiro Alves, Rodrigo Ramalho, Tina Velha, Veronica Lessa, Virginio Mantesso, Zaida Sisson

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